A raiva é uma força mobilizadora muito poderosa e a ciência já provou que, quando o circuito da raiva é ativado no cérebro, temos de três a seis segundos para reconhecer a emoção da raiva e só assim assumir o controle sobre ela.
Caso não façamos isso neste tempo, somos cooptados por um mecanismo que é conhecido como o sequestro da amígdala (componente do cérebro que é a sede do medo e da ansiedade, que tem a função de proteção em relação a sobrevivência e autoproteção) em que o indivíduo escolhe apenas entre fugir ou atacar.
Brad Bushman
Brad Bushman, um psicólogo da Universidade de Iowa, colocou essa ideia à prova e descobriu que extravasar a raiva é “o pior conselho que você pode dar” a alguém. Em um teste, Bushman provocou a irritação de um grupo de 600 estudantes universitários ao fazer comentários desagradáveis sobre textos que eles haviam escrito.
Depois, ele os dividiu em grupos: um descontou a raiva em um saco de pancadas e outro foi se distrair fazendo outras atividades. No fim, o grupo que usou o saco de pancadas estava mais bravo e agressivo do que o outro.
Segundo o psicólogo, liberar a agressividade “é como usar gasolina para apagar um fogo – isso só alimenta as chamas”.
Ao extravasar os sentimentos negativos, a pessoa estaria estimulando uma rede de emoções, pensamentos, sentimentos e ações motoras agressivas, o que não ajuda a acalmar os ânimos. Às vezes, explodir de raiva pode até fazer você se sentir um pouco aliviado na hora, mas o efeito não dura muito e você só vai fortalecer seus impulsos agressivos.
Um estudo na Universidade de Kent, na Inglaterra
Um estudo mais recente feito com estudantes perfeccionistas da Universidade de Kent, na Inglaterra, foi nessa mesma direção. Os pesquisadores pediram aos 149 voluntários que fizessem um diário de suas atividades por 3 a 14 dias, relatando suas falhas mais incômodas nesse período, as estratégias que usaram para lidar com o fracasso e como eles se sentiram no final do dia.
Os que tentaram lidar com o estresse desabafando com amigos, extravasando a frustração, sentindo-se culpados ou tentando negar o fato que os incomodava acabaram se sentindo pior do que antes.
Assim, o estudo não só derrubou o mito de que extravasar a raiva faz bem, mas também mostrou que nem sempre conversar com um amigo é o melhor modo de se sentir melhor a respeito de um problema.
Desvie a atenção da raiva
A estratégia que se mostrou mais eficaz foi se esforçar em ver o lado positivo da situação e desviar a atenção da raiva e da frustração. Assistir a uma comédia ou ler um livro legal também funciona.
Atividades físicas podem ajudar desde que não sejam agressivas, segundo a pesquisa de Brad Bushman, mesmo que a pessoa não esteja pensando no que a irritou, jogar uma partida de rúgbi (modalidade de esporte considerada violenta) logo depois de passar a raiva pode piorar o seu estado.
Psicologia Positiva:
De acordo com o estudo Psicologia Positiva: A Ciência da Felicidade, conduzido na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, esse tipo de comportamento – olhar as coisas pelo lado positivo ou negativo – pode ser desenvolvido com treino.
A pesquisa aponta que se você treina o seu cérebro para procurar por erros e problemas dentro da sua carreira, isso pode se tornar um comportamento padrão na vida pessoal.
“Se você aprendeu a odiar também pode aprender a amar”!
Na prática estas descobertas apontam para o fato de que Nelson Mandela estava certo ao afirmar que “se você aprendeu a odiar também pode aprender a amar”! Resta nos a tarefa de observar o que estamos procurando e dando foco mentalmente: na raiva ou no perdão, nos erros ou nos aprendizados?
Ao observar como nosso cérebro funciona podemos assumir o controle do “treino” de onde colocamos o nosso foco e assim nos libertarmos do jugo da raiva e de outras emoções que podem nos levar a resultados indesejados.
Cássia Morato e Caroline Calaça – Executive &Business Coaches